NOTÍCIAS EM DESTAQUE
Mamona é matéria prima para próteses e cimento
ósseo
(Disponível em www.comciencia.br)
Médicos e dentistas têm um aliado verde para a confecção
de próteses, trata-se do óleo extraído da semente
de mamona. Além dos usos já conhecidos que vão
desde medicamentos, tintas, óleos comestíveis e até
lubrificantes, essa matéria prima dá origem a dois
novos produtos: um polímero maleável que substitui
a platina em próteses ósseas e dentárias, e
um novo tipo de cimento ósseo, que substitui o cimento acrílico,
usado para fixação das próteses em geral. Gilberto
Chierice, pesquisador do departamento de química da Universidade
de São Paulo, em São Carlos, vem estudando as propriedades
da mamona desde 1984. Segundo ele, "a utilização
das próteses feitas com polímero de mamona são
mais simples devido a sua biocompatibilidade - não provoca
reações adversas - e a interação com
o osso proporciona uma recuperação mais rápida
do paciente. Por ser de fácil moldagem, possibilita aos médicos
e dentistas uma maior precisão cirúrgica", enfatiza.
O óleo extraído da semente da mamona é a matéria
prima para uma espécie de plástico (polímero)
vegetal, de onde são desenhadas as próteses de várias
estruturas ósseas e produzido o cimento ósseo. Chierice
informa que o cimento ósseo utilizado atualmente pela medicina
e odontologia para fixação de próteses é
o metilmetacrilato, material acrílico sintético que
apresenta um alto índice de rejeição.
De acordo com o pesquisador, "o processo de integração
óssea, a osteointegração, do novo material
é muito grande. Dependendo do local implantado, ele vai se
transformando, o organismo troca o polímero por células
ósseas", ou seja, absorve o polímero e o substitui
por células ósseas.
Os primeiros testes com o novo material foram feitos em animais
e, após obter resultados positivos, há cinco anos,
passaram a ser realizados os primeiros implantes de próteses
em pacientes com câncer em estado terminal, no Hospital Amaral
Carvalho, em Jaú, interior de São Paulo, para verificar
se haveria rejeição. Atualmente, com a comprovação
de sua eficácia, o material já está sendo usado
em vários hospitais do país, na Argentina e nos Estados
Unidos.
Aproveitando suas pesquisas, Chierice alterou algumas características
químicas da fórmula original do polímero obtendo
como resultado um novo fungicida e bactericida em forma de detergente
ou pasta que foram testados com sucesso na limpeza de hospitais
do interior de São Paulo.
Os custos das próteses com o novo polímero são,
no mínimo, duas vezes mais baixos do que os custos com uma
prótese de platina. No Brasil e no mundo existe uma única
empresa credenciada para produzir essas próteses, que é
a Poliquil, em Araraquara (SP). Esta empresa produz e desenvolve
próteses de acordo com a necessidade médica, explorando
sempre as propriedades biomecânicas do polímero para
a produção de peças que se adaptem geométrica
e mecanicamente à região implantada.
País é grande produtor de mamona
O Brasil tem 8% da área total de mamona planta da família Euphorbiaceae, plantada no mundo, concentrando-se principalmente no Nordeste do país onde desempenha importante papel econômico, por ser uma planta de grande resistência à seca e, conseqüentemente, gerar empregos.
Direito à saúde é violado no Brasil, segundo
relatório da ONU
(Disponível em www.comciencia.br)
A socióloga Eleonora Menicucci de Oliveira,
professora de saúde coletiva do departamento de Medicina
Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),
apresentou no início de abril o seu primeiro relatório
sobre a saúde no país, encomendado pela Organização
das Nações Unidas (ONU) para a sua Plataforma Brasileira
de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais. Ele
traz denúncias de violação dos direitos à
integralidade e à universalidade no atendimento médico
para a população.
Resultado de pesquisas e entrevistas realizadas pela socióloga
este ano em municípios do interior de Pernambuco e de São
Paulo, o relatório também foi apresentado na Conferência
Internacional dos Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça,
por Jaime Benvenuto, coordenador do Projeto Relatores Nacionais, ONG voltada para a defesa
dos direitos humanos. Em Pernambuco, o Ministério Público
já está apurando as denúncias; mas no caso
da contaminação ambiental no município de Paulínia
(SP), envolvendo a empresa Shell, o descumprimento da determinação
judicial para atendimento médico à população
atingida será denunciado à Organização
dos Estados Americanos (OEA), que também receberá
o relatório.
Menicucci observou que a assistência ao trabalhador, um dos
serviços estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), ainda não foi implementado em Paulínia. Segundo
ela, a prefeitura garante que irá implementá-lo rapidamente.
Mas esse não é o problema mais grave relacionado à
cidade, que aparece em seu relatório. A contaminação
ambiental causada pela Shell Brasil, que atingiu há dois
anos os moradores do bairro Recanto dos Pássaros, levou a
justiça de São Paulo a responsabilizar a empresa pelo
atendimento médico às vítimas. De acordo com
a socióloga, nenhum morador recebeu ajuda da Shell. "A
ampliação do atendimento do SUS, que já foi
municipalizado em quase todo o país, é responsabilidade
do município de Paulínia. Mas no caso da contaminação,
a Shell tem que se responsabilizar", explica, "e isso
será denunciado à OEA", completa.
Na zona da mata de Pernambuco, Menicucci levantou casos envolvendo alto índice de mortalidade materna em dois hospitais dos municípios de Barreiros e Palmares, um público e outro conveniado ao SUS. A relatora conta que pediu a reabertura de alguns processos, e em um deles, a família de uma gestante falecida havia denunciado que a mulher teria sido enterrada com um feto vivo na barriga. Após a apuração, foi pedida a condenação do médico responsável pelo caso. "O Ministério Público de Pernambuco, que trabalhou conosco nessa investigação, já abriu processo por duplo homicídio", afirma Menicucci. Seu relatório também aponta casos de complicações obstétricas, como hemorragia e hipertensão, que, por falta de acompanhamento e de atendimento médico adequado, causaram a morte de cinco mulheres. "Vamos encaminhar o relatório para o Ministério da Saúde tomar conhecimento desses e de outros casos", anuncia.
Pesquisa diz que campanhas de prevenção às
drogas são ineficientes
(Disponível em www.comciencia.br)
As primeiras campanhas de prevenção ao uso de drogas
iniciaram-se em 1996, como iniciativa da Associação
Parceria Contra Drogas, uma organização não
governamental norte-americana, que se instalava no Brasil. Naquele
ano e no seguinte, 20 campanhas foram exibidas na televisão.
Elas foram mais tarde analisadas por Arlene Lopes, professora de
comunicação social da PUC do Paraná, em sua
pesquisa de mestrado pelo Departamento de Lingüística
da USP, que resultou em dissertação defendida no dia
21 de abril de 2003. Por meio da análise discursiva e dos
efeitos de sentidos na construção desses anúncios,
a pesquisadora constatou que nenhum dos anúncios apresenta
eficiência para coibir o suo de drogas.
Em sua pesquisa, Arlene focalizou sua atenção em vários
elementos das campanhas, entre eles, as linguagens do meio televisivo,
as relações semi-simbólicas, a narração,
o logotipo da campanha e as estratégias persuasivas utilizadas.
Segundo ela, o discurso das campanhas é autoritário
porque manipula por intimidação. "O enunciador
coloca as drogas como o opositor da ordem social, o vilão
que subverte o comportamento de indivíduos e, consequentemente,
instala o caos na família, na comunidade e na sociedade como
um todo", explica. A sociedade e a família foram os
símbolos utilizados nas campanhas, apresentados como valores
que devem ser preservados e defendidos para manter a ordem social.
Os personagens que apareciam nas campanhas eram jovens adolescentes
de classe média, em uma faixa etária que ia dos 15
aos 20 anos, sendo que 16 deles eram do sexo masculino e apenas
4 do feminino. Apenas 1 anúncio mostrava um homem de 30 anos
como dependente de drogas e outro mostrava pré-adolescentes,
de 8 a 12 anos de idade. De uma maneira geral, o público
abordado parece seguir, como informa Arlene, o modelo dos usuários
de drogas nos EUA. No Brasil, contrariamente, o cenário mais
dramático está na classe baixa e em meninos de rua,
não mencionados nas campanhas analisadas, como constatou
Luiz Renato Carazzai, especialista no tratamento de toxicômanos
em Curitiba, em pesquisa realizada para a Administração
de Combate às Drogas (DEA) dos EUA. A pesquisadora Arlene
frisa que quando se fala em "drogas" é importante
incluir a cola de sapateiro (utilizada para a obtenção
do crack) e a maconha, produtos que não são tão
caros e são de fácil acesso.
A dissertação concluiu que faltam, no entanto, informações
sobre a origem das drogas, de como elas chegam até os jovens,
da maneira que o jovem começa a se envolver e dos tipos de
tratamento disponíveis. Para a pesquisadora, alguns anúncios
da campanha até parecem sugerir que as drogas podem ser um
elemento atraente para os jovens, além de ser uma forma de
obter prazer, refúgio e fantasia. É preciso, na opinião
de Arlene, que o Ministério da Saúde ataque de frente
a questão das drogas através de um projeto sério
que envolva sociólogos, psicólogos e outros diferentes
profissionais.
O assunto de prevenção de drogas, para a pesquisadora,
tem importância que vai além de seu objeto de estudo.
Ela viu de perto usuários de drogas, o efeito das drogas
em crianças, e mães usuárias e faveladas tentando
vender seus filhos em Curitiba, por baixo valores, como forma de
financiar seu vício. Em 2000, visitando um conselho tutelar
que cuida de crianças abandonadas por pais drogados, Arlene
se deparou com o caso de uma menina de 3 anos (com aparência
de 1 ano), subnutrida, que havia sido gerada por uma usuária
de crack e que o Conselho Tutelar havia recolhido, pois a criança
estava abandonada, uma vez que a mãe se encontrava hospitalizada
por overdose. Com os abrigos infantis superlotados, a pesquisadora
se dispôs a levar a criança para sua casa. Após
algum tempo, informada de que a criança não possuía
nenhum responsável, Arlene dirigiu-se para a Vara da Infância
e Juventude e requereu a guarda provisória da criança.
Durante dois anos, a menina passou por tratamentos médicos
para combate à subnutrição e desintoxicação,
muito embora os efeitos da droga não tenham sido totalmente
superados - notaram-se sequelas nas mãos e pés, que
não se desenvolveram normalmente. Ao final dos dois anos,
em que a menina já se encontrava em franca recuperação
e integrada na família, apareceu uma tia da criança
e a levou embora.
Não fez parte da pesquisa sugerir alternativas a serem empregadas
nas campanhas, pois o objetivo era justamente propor reflexões
e análises das campanhas apresentadas em 1996 e 1997, assim
como propor uma reflexão para as campanhas posteriores. "Gostaria
de pedir às agências e entidades envolvidas nas campanhas
de prevenção à drogas, que sejam mais criteriosas
na elaboração das campanhas. É um assunto preocupante.
As campanhas precisam ser elaboradas, fundamentadas em pesquisas,
estatísticas reais, além de apresentarem informações
claras tais como: que sintomas apresentam os usuários de
drogas, providências a serem tomadas, encaminhamento para
tratamento, órgãos que atendem os usuários
carentes, apoio às famílias e orientações
gerais. dizer quais são os sintomas. Estas informações
não são comtempladas em quaiquer anúncios de
campanha de prevenção à drogas até hoje",
lamenta.
As campanhas contam com um grande potencial que é a veiculação
pela televisão, meio de comunicação que consegue
atingir uma grande parte da população brasileira.
Segundo dados do IBGE de 2002, 87% dos brasileiros possuem um aparelho
de TV.
Universidades têm um papel fundamental no combate à
fome, diz assessor do governo
(Disponível em www.comciencia.br)
Na avaliação de Walter Belik, assessor
do programa Fome Zero do governo federal e professor do Instituto
de Economia da Unicamp, "apesar do governo reconhecer que o
combate à fome é de sua responsabilidade, existe uma
série de demandas que necessitam do apoio de toda sociedade".
O assessor falou à ComCiência sobre os desafios e dificuldades
do programa e as possíveis contribuições das
universidades no combate à fome, principalmente para o aumento
da quantidade e qualidade dos alimentos, e na promoção
de atividades em educação formal e informal.
Entre as contribuições que as universidades poderiam
dar ao combate à fome estão: cursos de alfabetização,
atualização e supletivos; desenvolvimento de tecnologias;
assistência técnica para pequenos agricultores, visando
desde formas alternativas de produção até a
articulação e organização social; e
o estudo das dinâmicas micro, meso e macro econômicas
para a orientação de políticas públicas.
Para Belik, "a alimentação pode ser garantida
se houver apoio à agricultura familiar e urbana". Estes
dois eixos do programa Fome Zero são considerados estratégicos,
porque permitem gerar empregos e melhorar a qualidade da alimentação.
Um dos grandes desafios do programa é a sustentabilidade.
"Se o Fome Zero for apenas distribuir cestas básicas,
ele terá que ser permanente, não atingindo seus objetivos",
afirma o pesquisador.
A consolidação do apoio governamental no combate à
fome necessita de uma série de medidas para uma significativa
mudança cultural, na opinião de Belik. Uma das maiores
dificuldades na implementação do programa está
relacionada à necessidade das famílias envolvidas
estarem motivadas, organizadas, freqüentarem cursos e prestarem
serviços comunitários. Segundo o assessor, "não
dá para trabalharmos com pessoas isoladas, cada grupo deve
estar organizado em um comitê para o recebimento das verbas".
Uma das medidas do atual governo para o combate à fome é
a criação de um plano de safra para a agricultura
familiar, que apoia a produção de alimento para o
mercado urbano, com financiamento do Programa de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (Pronaf - Alimento). O Pronaf possui várias linhas
de crédito para agricultura familiar e foi criado pelo governo
anterior, em junho de 1996. O programa tem por finalidade promover
o desenvolvimento sustentável do meio rural, estimulando
o aumento da capacidade produtiva, a geração de empregos
e a elevação da renda dos agricultores familiares.
Dados do site do Pronaf sobre a agricultura familiar apontam que
ela ocupa 30,5% da área total dos estabelecimentos rurais,
produz 38% do Valor Bruto da Produção (VBP) nacional
e ocupa 77% do total de pessoas que trabalham na agricultura (veja
mais dados na tabela). Potencializar esta atividade é importante
para garantir a segurança alimentar, seja pelo autoconsumo
(subsistência), pela manutenção de empregos,
ou pelo aumento da oferta e diminuição dos preços
dos alimentos.
O governo federal está discutindo uma linha de micro-crédito
do BNDES, para desempregados trabalharem na produção
urbana de alimentos. Estuda-se também a idéia do uso
de terrenos de prefeituras e órgãos locais, além
da isenção do IPTU para implementação
de hortas comunitárias em áreas ociosas.
CNPq apóia publicações
científicas
(Disponível em www.cnpq.br)
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) lança sua segunda
Chamada deste ano. A oportunidade é para as
instituições ou sociedades brasileiras sem fins lucrativos,
que precisem de apoio para a editoração e publicação
de periódicos em todas as áreas do conhecimento. O
objetivo é melhorar a qualidade das revistas nacionais dedicadas
à C&T.
Ao todo são R$ 3 milhões para a aquisição
de material (como papel fotográfico, envelopes e etiquetas)
e para a contratação de serviços terceirizados,
a exemplo de pessoal ou empresa especializada em editoração,
tradução e softwares.
Os interessados têm até o dia 27 de junho para preencherem
e enviarem o formulário eletrônico de propostas disponível
no site do CNPq e devem ficar atentos a todas as datas e pré-requisitos
descritos na chamada. Dentre outras exigências, o candidato
deve comprovar a circulação do periódico no
ano imediatamente anterior à solicitação e
enviar os dois últimos exemplares da publicação.
O resultado de julgamento das propostas e a contratação
dos selecionados estão previstos para acontecer ainda este
ano, no mês de outubro. Saiba
mais sobre a oportunidade.
NOTÍCIAS DA SOCIEDADE
Primeira Reunião Técnica de Prevenção
de Câncer Bucal
A SoBe participou da Primeira Reunião Técnica de Prevenção
de Câncer Bucal, realizada no INCa em 7 de abril, . Estavam
presentes o Presidente da SOBEP, Dr Abel Cardoso, e a Responsável
pela Coordenação de Ação Social da Sociedade,
Dra. Sandra Torres, além de representantes do Inca, das secretarias
de saúde de Minas Gerais, Tocantins, Rio Grande do Sul, entre
outros. Neste encontro foram discutidas algumas diretrizes para
a prevenção do Câncer de Boca:
1. Diretrizes para o controle do câncer da boca
»Prevenção
» Detecção
Será oportunamente marcada uma nova reunião, com um
grupo maior de participantes, onde será redigido um documento
de consenso abordando a prevenção, o diagnóstico
e o tratamento do câncer de boca. A SOBEP estará representada
não somente pelo seu Presidente e pela Coordenação
de Ação Social mas também pelos seus Delegados
Regionais
Projeto da SOBEP
A Coordenação de Ações Sociais da Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral (SOBEP), sob coordenação da Dra. Sandra Torres, visa promover a estomatologia no Brasil, através de programas e campanhas preventivas para orientação e conscientização da população sobre os problemas bucais da especialidade. Para tal, desenvolveu a "Campanha de Prevenção em Estomatologia", utilizando como projeto piloto a cidade do Rio de Janeiro, esta campanha se realizará de 23 a 27 de junho e têm apoio da SOBEP, do Ministério da Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde, do Sindicato dos Cirurgiões Dentistas, do Conselho Regional de Odontologia e das Faculdades de Odontologia do Rio de Janeiro.