NOTÍCIAS EM DESTAQUE
Planta destinada à exportação previne úlceras
(Disponível em www.comciencia.br)
Duas espécies de plantas comumente destinadas à exportação
são capazes de prevenir a formação de úlceras
no trato gastrointestinal, problema que atinge cerca de 10% da população
mundial.
A pesquisadora Leônia Maria Batista, do Departamento de Fisiologia
e Biofísica do Instituto de Biologia da Unicamp, estudou
os efeitos da Syngonanthus bisulcatos e Syngonanthus arthrotrichus,
duas das espécies popularmente conhecidas como sempre-vivas,
em modelos animais que reproduzem as úlceras do homem. "Os
experimentos mostraram excelente proteção da mucosa
gástrica contra os agentes indutores de úlceras",
revela Batista.
![]() |
Espécie arthrotrichus, do gênero Syngonanthus que segundo Batista é rico em substâncias com atividade antioxidante Crédito: Laboratório de Produtos Naturais da Unicamp |
A úlcera pode ser causada pelo consumo de
álcool e cigarros, pelo uso contínuo de antiinflamatórios,
como piroxicem, diclofenaco de sódio ou de potássio,
nimesulida, aceciofenaco e ibupofeno, e por alimentação
inadequada. O desenvolvimento de úlceras no organismo pode
estar associado ainda a um agente infeccioso, como a bactéria
Helicobacter pylori, mas o indivíduo também pode ter
predisposição genética ao problema.
A pesquisa representa uma estratégia para o isolamento de
substâncias ativas que possam gerar medicamentos nacionais
eficazes e seguros que atuem na prevenção ao desenvolvimento
de úlceras, pois essas espécies são encontradas
em território brasileiro. Apesar dessa possibilidade, a pesquisadora
ainda não tem previsões sobre o possível desenvolvimento
de medicamentos ou estímulos ao uso fitoterápico da
planta.
O gênero Syngonanthus pertence à família Eriocaulacea, que compreende as espécies conhecidas como sempre-vivas, que ocorrem em países tropicais. No Brasil, as duas espécies avaliadas no estudo são encontradas na Chapada Diamantina, Bahia, e na Serra do Cipó, em Minas Gerais. Em geral, as sempre-vivas são utilizadas na confecção de arranjos e buquês. Estados Unidos, Japão, Canadá, Espanha e Itália estão entre os países compradores desse tipo de flor. A coleta das plantas para exportação garante o sustento de muitas famílias das regiões onde elas são encontradas, mas também coloca em risco de extinção várias espécies de sempre-vivas.
A pesquisa desenvolvida por Batista, sob orientação
da professora Alba Regina Souza Brito, coordenadora do Laboratório
de Produtos Naturais, resultou em tese de doutorado, defendida em
dezembro, na Unicamp. Os resultados obtidos no estudo serão
agora enviados para publicação em revistas internacionais.
Produto nacional à base de papaína remove cáries
sem uso da broca
(Disponível em www.comciencia.br)
Um gel nacional à base de papaína, enzima presente
no mamão, promete diminuir o sofrimento nos consultórios
dentários. A solução amolece o tecido afetado
pela cárie e permite sua retirada por meio de curetagem,
sem necessidade da aplicação de anestesia. Lançado
em janeiro no mercado, o produto tem como vantagem o baixo custo.
O similar estrangeiro é quase sete vezes mais caro.
A fórmula é fruto de uma pesquisa de dois anos, conduzida
pela cirurgiã-dentista Sandra Kalil Bussadori, professora
da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) e das Faculdades
Metropolitanas Unidas (UniFMU). Um composto com ação
semelhante, à base dos aminoácidos leucina, lisina
e ácido glutâmico, além de hipoclorito de sódio
(água sanitária), já havia sido desenvolvido
na Suécia e lançado há alguns anos no Brasil.
A versão nacional, entretanto, é bem mais barata.
Uma bisnaga com 3 ml, suficiente para cerca de 60 obturações,
custa R$ 30, enquanto que o produto sueco está em torno de
R$ 200. "Minha mãe era nutricionista e sempre falava
das propriedades da papaína, que é capaz de amolecer
a carne. Como gosto de pesquisar, resolvi investigar sua ação
no dente", conta a pesquisadora.
Outro princípio ativo do composto, numa proporção
bem menor que a papaína, é a cloramina, um antisséptico
derivado do cloro. O gel, batizado pela dentista de "Papacárie",
age somente sobre a proteína desnaturada, ou seja, o tecido
lesado pela cárie. Por isso, não há riscos
de lesões caso a solução atinja a gengiva,
a língua ou a bochecha. Tampouco existe possibilidade do
produto afetar a camada sadia do dente. A substância, inclusive,
é menos agressiva que o tratamento convencional. Como não
amolece a parte saudável, preserva mais o dente do que as
temidas brocas.
Ação reduzida sobre dor
(Disponível em www.comciencia.br)
O produto tem ação reduzida ou, na maioria dos casos,
nula sobre a dor, segundo informou Bussadori. Por ter um pH mais
básico que o da dentina (camada que circunda a polpa dentária),
o gel não passa para os túbulos dentinários,
minúsculos canais por onde passam prolongamentos nervosos,
presentes nessa região. O paciente não tem a sensação
dolorosa, a não ser que a polpa fique exposta. A broca, por
sua vez, destrói a dentina indistintamente, podendo atingir
os túbulos dentinários e as terminações
nervosas, causando dor.
O cirurgião-dentista Luís Felipe Seabra Teixeira,
do Posto de Saúde Dr. Nascimento Gurgel, no Rio de Janeiro,
vê a novidade com otimismo. Ele ressalta, porém, que
o gel só vai agregar benefícios se trouxer rapidez
ao serviço. "O custo de hora clínica é,
freqüentemente, mais importante que o dos materiais usados
no processo restaurador", explica Teixeira.
O produto foi testado in vitro (em tecidos biológicos) durante
o ano de 2001. Hoje, já há resultados clínicos
sob acompanhamento por mais de um ano. É preciso lembrar,
entretanto, que o gel só funciona sobre o dente, portanto,
é mais aplicável a cáries primárias.
Em casos de reincidência, é preciso remover a restauração
antiga, e esse procedimento normalmente é feito com a broca.
Bussadori fez uma parceria com o laboratório privado, que
hoje comercializa o composto. O lançamento foi feito no 20o
Congresso Internacional de Odontologia, entre os dias 25 e 29 de
janeiro, em São Paulo (SP). A pesquisadora, que pretende
investigar as aplicações da papaína na periodontia
(gengiva) e na endodontia (canal), espera que o gel permita que
a população carente tenha um maior acesso ao tratamento
dentário.
Identificação de "perfil inflamatório"
pode aperfeiçoar tratamento de cardíacos
(Disponível em www.comciencia.br)
Um princípio que tem norteado vários estudos na área
da medicina é que o corpo de cada indivíduo pode apresentar
respostas distintas em casos de lesões muito semelhantes.
Uma simples espinha pode causar inflamação em uma
pessoa e, em outra, não passar de um pequeno ponto quase
indolor. Uma pesquisa desenvolvida no Instituto do Coração
de São Paulo (InCor) identificou um quadro inflamatório
específico em pacientes que apresentam infarto e angina -
uma espécie de "pré-infarto". O estudo,
baseado na análise de 50 pacientes voluntários, pretende
agora aferir o uso de medicação específica
para combater essa inflamação, e assim, melhorar o
tratamento dessas doenças.
Muitas pessoas imaginam que problemas cardíacos resultam
apenas da obstrução de veias e artérias por
"placas de gordura" que vão se acumulando ao longo
do tempo. Segundo o doutorando Juliano de Lara Fernandes, que desenvolveu
o estudo, existe um tipo de inflamação que precede
o infarto e que pode até agravar essa obstrução.
Trata-se de uma resposta imunológica do corpo humano, tecnicamente
conhecida como T-helper 1 (Th1), que ocorre em todo o organismo
e faz com que determinados tipos de células causem um processo
inflamatório específico nas paredes de veias e artérias,
podendo variar de intensidade. Desse modo, as placas de aterosclerose
- nome técnico das conhecidas "placas de gordura"
- ficam mais propensas a se romper e causar um entupimento.
O próximo passo da pesquisa é utilizar um medicamento
denominado pentoxifilina, que combate essa resposta imunológica,
em cada um dos pacientes. "Identificamos o problema e agora
devemos propor um tratamento para ele", diz Fernandes. O paciente
poderá ter um tratamento mais direcionado para o seu caso
e, conseqüentemente, mais efetivo. O estudo, que teve essa
etapa inicial concluída em dezembro de 2003, será
publicado na revista Cytokine, que possui um alto índice
de impacto, medido pelo número médio de citações
de seus artigos. Cada artigo publicado na revista Cytokine é
citado em média 2,34 vezes por outros autores. A média
para revistas de cardiologia é 1,8.
O estudo realizado no InCor também abre portas para a compreensão
de quadros patológicos mais complexos. Por se tratar de uma
inflamação sistêmica - que atinge o corpo inteiro
-, ela também pode ser responsável pelo aumento de
derrames cerebrais ou obstruções de artérias
periféricas pelo mesmo processo. "Além disso,
este tipo de resposta imunológica também pode estar
associado a um quadro conhecido como síndrome plurimetabólica,
que envolve obesidade, resistência à insulina e hipertensão",
afirma Fernandes.
Essa pesquisa é fruto de uma parceria do InCor com a Unicamp,
o que possibilitou o acompanhamento de pacientes de São Paulo
e Campinas. Concomitantemente à pesquisa, Juliano Fernandes
também atuou como colaborador em outra, que visa aperfeiçoamento
da utilização de ressonância magnética
para o diagnóstico de problemas cardíacos, que pode
vir a substituir o método tradicional, o cateterismo. Os
testes de ressonância permitiram quantificar a espessura das
paredes das artérias coronárias dos pacientes.
Em função dessa parceria entre as instituições
de São Paulo e Campinas, o pesquisador teve a oportunidade
de ser co-orientado pelos professores Otávio Rizzi Coelho
e Maria Heloísa Blotta, da Unicamp, que participaram da pesquisa,
além de contar com a orientação de Carlos Vicente
Serrano Jr., da USP e com a colaboração da equipe
de Ressonância Magnética do InCor .
Os resultados parciais da pesquisa também serão apresentados
no Congresso Mundial da Ressonância Cardíaca, que ocorrerá
em fevereiro deste ano, em Barcelona, na Espanha. Fernandes também
avalia que ainda este ano, quando conclui seu doutoramento, poderá
apresentar os resultados definitivos de ambos os estudos.
Ambulatório oferece exame para detectar tumores de origem
hereditária
(Disponível em www.comciencia.br)
O Ambulatório de Oncologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP está organizando o Ambulatório
de Aconselhamento Genético para pacientes com histórico
de câncer na família. Lá eles passarão
por entrevistas e testes de rastreamento genético para descobrir
se a doença dos familiares é de origem hereditária
e quais as chances deles desenvolverem um tumor. "Existe benefício
para o sujeito, seja na forma de alívio quando se descarta
o fator genético, seja na forma de indicação
de medidas preventivas no caso de estarmos frente a um portador
de predisposição genética", explica Miriam
Honda Federico, chefe do serviço de Oncologia do Hospital
das Clínicas da USP.
O trabalho será iniciado com um grupo de três famílias
que além do acompanhamento clínico farão testes
sanguíneos para sequenciamento genético onde se determinam
marcadores ou genes com mutações. Se uma mulher possui
mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2, por exemplo, ela
tem uma chance que varia entre 50% a 80% de desenvolver um câncer
de mama ao longo da vida. Este fator pode determinar que esta mulher
faça exames preventivos (ultra-sonografia e mamografia) antes
da idade recomendada para a maioria das mulheres.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, em 65% dos
casos o câncer de mama é descoberto já num estágio
avançado da doença o que agrava a situação
e causa danos físicos e psicológicos às pacientes.
Com o aconselhamento genético este quadro pode ser melhorado.
O sequenciamento genético pode indicar se uma pessoa tem
predisposição a desenvolver o câncer através
da identificação de mutações genéticas.
O Ambulatório de Aconselhamento Genético da USP conta
com a parceria do Hospital do Câncer e do Instituto Ludwig.
Este último dará assessoria técnica para a
equipe da USP para realização dos exames.
O Instituto Ludwig, um dos maiores centros de estudos de câncer
do mundo, e o Hospital do Câncer de São Paulo, em parceria
com a Fapesp, já patentearam o exame e deverão repassar
a técnica para a empresa Diagnósticos da América
(DASA), que controla grandes laboratórios de diagnósticos
no Brasil. A partir daí, planos de saúde conveniados
com estes laboratórios poderão oferecer o exame para
pacientes que antes tinham que fazer testes fora do Brasil.
O ambulatório da USP, por sua vez, tem a intenção
de tornar o aconselhamento genético rotina para pacientes
que vem do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda que
inicialmente um número restrito de pessoas sejam atendidas.
"Inicialmente nosso enfoque será para casos de câncer
familiar detectados em nosso ambulatório geral. Do ponto
de vista de atendimento, só existe justificativa para indicar
o estudo genético em indivíduos suspeitos de serem
portadores de predisposições genéticas, para
as quais existam recomendações médicas a serem
feitas. Essa recomendação tem o intuito de prevenir
o aparecimento da doença ou de detectá-la em estágios
iniciais, quando a cura é possível", conclui.
NOTÍCIAS DA SOCIEDADE
Atlas de Doenças da Boca - O Atlas Online de Doenças
da Boca, da Sociedade Brasileira de Estomatologia, é um serviço
que será disponibilizado pela SOBEP em seu website e constará
de um banco de dados de imagens de doenças que afetam a boca,
incluindo seus aspectos clínicos, histopatológicos,
radiográficos e outros pertinentes, com um breve texto descritivo
associado. Todos os sócios da SOBEP são convidados
e estimulados a colaborar na construção do Atlas e
a partir deste mês as contribuições já
podem ser enviadas. Para obter mais informações sobre
as normas do Atlas e como colaborar clique
aqui.
Solicitamos aos prezados colegas que nos informem de datas de eventos, congressos, encontros, jornadas e defesas de dissertações e teses, para que possamos divulgar em nossos próximos boletins.
Atenciosamente,
Diretoria de SOBEP