Boletim Mensal Junho - SOBEP - Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral
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Boletim Mensal - Junho 2003

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Mulheres enfrentam mais dificuldades para largar o cigarro, aponta estudo do Incor
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Abandonar o vício do cigarro é mais difícil para as mulheres do que para os homens. Esse é um dos resultados obtidos numa pesquisa realizada pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (Incor-HC/USP). O trabalho foi coordenado pela cardiologista Jaqueline Scholz Issa, diretora do Ambulatório de Tabagismo do Incor, e contou com a participação de 60 homens e 40 mulheres, todos cardíacos e fumantes, que foram acompanhados durante um ano (2000-2001).

A pesquisa testou e comprovou a eficácia da utilização do antidepressivo bupropiona (princípio ativo do medicamento Zyban) no tratamento antitabagista, mesmo para fumantes com doenças sistêmicas, como os cardíacos. Foram percebidas diferenças comportamentais entre os sexos. De acordo com o estudo, 67% das mulheres apresentam um quadro de ansiedade e depressão ao largar o cigarro, contra 38% dos homens. Além disso, as mulheres acabam descontando a ausência do fumo na alimentação e engordaram em média 8 quilos após um ano sem cigarro. Já os homens não apresentaram um ganho de peso significativo no período de abstinência.

"A performance no grupo das mulheres foi melhor, provavelmente porque o medicamento age também sobre os mecanismos da depressão", explica Issa. A princípio, 62% das mulheres participantes pararam de fumar e, ao final de um ano, 32% continuavam resistindo ao cigarro. No grupo dos homens, 42% deixaram o cigarro nas primeiras semanas, mas apenas 20% do total se mantiveram longe do vício ao final de um ano. Com a terapia, o ganho médio de peso nas mulheres, em 12 meses, também baixou de 8 quilos para 1,3 quilo. Para a equipe, isso foi o melhor resultado.

Em entrevista cedida ao jornal Correio Braziliense, em 30 de maio deste ano, Issa afirmou que o primeiro passo para quem deseja parar de fumar é procurar auxílio de um profissional. "Os três primeiros meses, de fato, são dolorosos, mas a vida da pessoa não pode parar por causa do cigarro", disse. De acordo com a pesquisadora, o cigarro é uma droga que dá prazer e alivia sofrimentos, por isso a sua ausência causa um grande desconforto.

Com base nessa pesquisa realizada no Incor, Issa publicou, no final de maio, o livro Deixar de Fumar - Se fumar é bom, parar é ainda melhor (Ed. Saraiva, R$19,00). Segundo a Organização Mundial da Saúde, 70% dos fumantes gostariam de abandonar o cigarro, mas apenas 3% conseguem. De acordo com a entidade, cerca de 5 milhões de pessoas morrem anualmente por causa do fumo.

Identificada a primeira organela do núcleo celular
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Atualmente, escolas e universidades ensinam que o núcleo da célula é composto apenas pelo material genético, chamado cromatina (DNA), pela carioteca (envoltório nuclear) e pelo nucléolo. Em alguns anos, no entanto, o retículo nucleoplasmático também fará parte da descrição do núcleo; isso porque uma equipe de pesquisadores da Universidade de Yale, nos EUA, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), identificou e mostrou o funcionamento dessa nova estrutura, responsável por armazenar e liberar cálcio - elemento fundamental em inúmeras atividades das células, como sua multiplicação, crescimento e transcrição dos genes (produção de proteínas). A presença desse maquinário permite que vários processos sejam regulados de forma independente no núcleo.

O cálcio fica armazenado principalmente dentro do retículo endoplasmático, organela do citoplasma também associada à produção e secreção de lipídeos, esteróides (hormônios derivados do colesterol), substâncias vindas do meio externo, além de estar envolvida no processo de síntese e secreção de proteínas. Até se dar a descoberta, biólogos celulares acreditavam que o cálcio entrava no núcleo vindo do citoplasma através de uma difusão, porque a parede do núcleo é bastante porosa e permite o intercâmbio de substâncias. Caso esse fosse o único meio do cálcio entrar no núcleo, este ficaria sujeito a funcionar como um compartimento único e homogêneo. Ao contrário, o núcleo é responsável por regular diversos processos simultaneamente e, portanto, fica mais fácil compreender a função de um retículo que armazene e secrete cálcio dentro do núcleo, o que permite atender diferentes necessidades locais. No núcleo, o cálcio deve regular prioritariamente a transcrição de alguns genes, que dependem deste elemento para ocorrer, e até afetar a própria estrutura do DNA, segundo afirmam os autores da pesquisa.

Embora o retículo nucleoplasmático não tivesse sido reconhecido anteriormente como sendo uma organela, já havia sido observado como sendo extensão do núcleo que estaria presente em vários tipos de células dos mamíferos. Essa descrição se confirma, já que o recém descoberto retículo nucleoplasmático está fisicamente ligado tanto ao retículo endoplasmático quanto à membrana nuclear, ou envelope nuclear.

O que impossibilitou a observação prévia do retículo no núcleo foi a falta de um microscópio de alta resolução, segundo explica Maria de Fátima Leite, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de ciências Biológicas da UFMG e uma das autoras da pesquisa. Para a realização desse estudo, Leite e seus colegas da Yale utilizaram o microscópio Two Photon, de alta resolução. Como diz o nome, ele utiliza dois fótons que incidem simultaneamente sobre o material, diminuindo os danos causados às estruturas celulares e também aumentando a resolução da imagem. Esse tipo de microscópio não existe no Brasil e, mesmo nos EUA, existe em número reduzido. Para a realização da pesquisa, a equipe teve de adaptar o microscópio para a observação da microestrutura nuclear, contando, para isso, com a colaboração do físico Michael Nathanson, da Universidade de Cornell, no estado de Nova Iorque, que duplicou a freqüência dos fótons.

Os núcleos observados foram extraídos de células hepáticas (do fígado) de ratos, mas posteriormente observou-se a mesma organela em núcleos de células de ovário de hamsters e de células do coração e cérebro de camundongos. "Parece ser uma característica universal", opinou a pesquisadora brasileira. Embora as pesquisas em células humanas não tenham sido feitas, esta descoberta irá possibilitar muitos estudos em diferentes tipos de células e espécies.

"Acho que essa descoberta é algo fantástico, que veio para ficar. É como descobrir um novo órgão", compara, entusiasmada, a bióloga da UFMG. De agora em diante, outras pesquisas deverão ser conduzidas de forma a melhor compreender a regulação dos sinais de cálcio e mapear os tipos celulares e espécies de eucariotos (organismos que possuem células com núcleo organizado) que venham a ter o retículo nucleoplasmático. Mas a presença dessa organela no núcleo deverá revelar novas funções de controle nuclear do cálcio.

A pesquisa foi publicada em forma de artigo na revista científica britânica Nature Cell Biology em 22 de abril passado e já repercutiu de forma positiva na comunidade científica em editorial na norte-americana Science (9 de maio de 2003), na The Journal of Cell Biology (vol. 161, N.4, 2003) e em julho, será publicado no editorial da. Nature Reviews Molecular Cell Biology.
Para saber mais:

Acordo inédito entre Capes e CNPq para fomento da pesquisa
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Os presidentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) se reuniram, pela primeira vez na história das duas agências, para anunciar uma aliança. O objetivo é que elas trabalhem juntas, ganhando assim, em recursos e esforços. O encontro aconteceu quarta feira, 14 de maio, no prédio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Paulo, e estavam presentes representantes de 65 Associações e Sociedades Científicas do Brasil. Erney Felício Plesman de Camargo do CNPq e Carlos Roberto Jamil Cury, da Capes, formam a coordenação do enlace, e Sandoval Carneiro Júnior, também da Capes, é o secretário executivo.

Para o presidente da Capes, a maior dificuldade em estabelecer uma parceria com o CNPq está em quebrar o ethos, que funciona de forma bastante diferenciada nas duas agências, e construir uma articulação entre elas. Cury defende alguns fundamentos, mas atenta para os desafios. Para ele, a fonte de legitimidade da Capes nasce dos pares acadêmicos e, "sendo uma instituição dominada pelo docente, pelo acadêmico e pelo pesquisador, nada mais justo do que ser múltipla e plural, onde o dogma está fora e persiste o debate, ao mesmo tempo em que se busca algum consenso para permitir o fluxo das políticas", disse.

Cury destacou ainda os compromissos e os desafios da agência, ressaltando a forte demanda, em oposição à restrição orçamentária que está estabilizada há pelo menos oito anos. Em resposta aos desafios, o presidente da Capes relevou o compromisso de estabelecer uma melhor definição da política de pós-graduação, criando uma constituição mista, Capes e CNPq, para articular essa política.
A Capes, seguindo o modelo de apoio à pesquisa criado pelo CNPq, que concede bolsa de iniciação cientifica júnior, visando financiar o estudante de ensino médio envolvido com atividades científicas, está preocupada com a contribuição da pós-graduação para todos os níveis de ensino. Uma recente portaria publicada pela Capes prevê que o estágio de docência do pós graduando poderá ser feito no ensino médio.

Outro obstáculo a ser superado pela Capes é o espontaneísmo. "É necessário recuperar o poder indutor do Estado", disse Cury. Para tal, sugere uma radiografia mais completa que supere lacunas existentes, mapear onde existem mestrados suficientes ou excessivos e identificar regiões, áreas e sub áreas e as relações entre elas, para apoiar novos cursos e valorizar a forma de intercâmbio nacional e internacional.

O presidente do CNPq expôs as medidas corretivas que teve que tomar ao assumir a presidência do órgão, que são, sobretudo, decorrentes de um processo de deterioração econômica e não conceitual da instituição. "Meus antecessores foram heróis ao manterem viva a instituição em situação tão desfavorável", disse. A primeira providência tomada foi o cancelamento do fluxo contínuo, um recurso que ficava guardado para uma situação emergencial que, na verdade, era um equívoco, pois todos os pedidos ficavam dependentes do fluxo contínuo. Agora os recursos são analisados pelos Comitês Assessores.
Erney de Camargo disse que assumiu o compromisso de anunciar os programas que já tiverem recursos garantidos. Assim, anunciou as novas bolsas de pesquisa oferecidas pelo CNPq: são 431 novas bolsas de Produtividade, 900 bolsas de pós-graduação (com partes praticamente iguais para mestrado e doutorado), 2.000 novas bolsas para Iniciação Científica (alunos de graduação) e 3.000 para Iniciação Científica Júnior (uma nova categoria que contempla estudantes do ensino médio envolvidos com atividades científicas), além de 40 bolsas para pós-doutorandos da Argentina.

Warwike Kerr, professor voluntário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), acha que o CNPq deve oferecer bolsas de estudo (semelhante às bolsas de iniciação científica júnior) aos estudantes secundaristas de Angola, para terem condições de disputar uma vaga na graduação das universidades públicas. "Toda a influência negra que veio para o Brasil veio de Angola, a cultura, as danças e as comidas. O Brasil tem obrigação com esse povo de cor", disse Kerr. A parceria de bolsas estabelecida com a Argentina é resultado da política ligada ao Mercosul.

Para o ano de 2003, não está previsto um aumento no valor das bolsas do CNPq, pois o orçamento deste ano já está fechado em 35 milhões de reais. A presidente da SBPC, Glaci Zancan, que foi para o Congresso Nacional, em 2002, brigar por um aumento no orçamento, disse que em 2004 é possível conseguir um aumento. Crodowaldo Pavan, que já foi presidente do CNPq e da SBPC, lembrou que o número de bolsas é muito importante, mas só terá sentido se tiver dinheiro para pesquisa.

As sinalizações, por parte do governo, de um possível aumento no valor das bolsas, segundo Erney de Camargo, tem sido positivas. Ele lembrou que o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) foi o que sofreu menor corte orçamentário pelo governo federal.


NOTÍCIAS DA SOCIEDADE

Participe do Simpósio de Estomatologia e Reabilitação Buco-Maxilo-Facial (Apoio Sociedade Brasileira de Estomatologia) a ser realizado de 26 A 28 DE JUNHO DE 2003 no AC Camargo - Comemorativo aos 50 anos do Hospital do Câncer A. C. Camargo. Maiores informações no site da SOBEP
Contribua para o Atlas de Doenças da Boca. Maiores informações no site da SOBEP
O resultado da análise dos trabalhos enviados para o Congresso da SOBEP a ser realizado em Recife será divulgado no site da SOBEP no dia 30/06/2003.


 


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A Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral (SOBEP) é uma entidade científica sem fins lucrativos,
que congrega cirurgiões-dentistas que se dedicam à prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças da boca.