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Mulheres enfrentam mais dificuldades para largar o cigarro, aponta
estudo do Incor
(Disponível em www.comciencia.br)
Abandonar o vício do cigarro é mais difícil
para as mulheres do que para os homens. Esse é um dos resultados
obtidos numa pesquisa realizada pelo Instituto do Coração
do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
(Incor-HC/USP). O trabalho foi coordenado pela cardiologista Jaqueline
Scholz Issa, diretora do Ambulatório de Tabagismo do Incor,
e contou com a participação de 60 homens e 40 mulheres,
todos cardíacos e fumantes, que foram acompanhados durante
um ano (2000-2001).
A pesquisa testou e comprovou a eficácia da utilização
do antidepressivo bupropiona (princípio ativo do medicamento
Zyban) no tratamento antitabagista, mesmo para fumantes com doenças
sistêmicas, como os cardíacos. Foram percebidas diferenças
comportamentais entre os sexos. De acordo com o estudo, 67% das
mulheres apresentam um quadro de ansiedade e depressão ao
largar o cigarro, contra 38% dos homens. Além disso, as mulheres
acabam descontando a ausência do fumo na alimentação
e engordaram em média 8 quilos após um ano sem cigarro.
Já os homens não apresentaram um ganho de peso significativo
no período de abstinência.
"A performance no grupo das mulheres foi melhor, provavelmente
porque o medicamento age também sobre os mecanismos da depressão",
explica Issa. A princípio, 62% das mulheres participantes
pararam de fumar e, ao final de um ano, 32% continuavam resistindo
ao cigarro. No grupo dos homens, 42% deixaram o cigarro nas primeiras
semanas, mas apenas 20% do total se mantiveram longe do vício
ao final de um ano. Com a terapia, o ganho médio de peso
nas mulheres, em 12 meses, também baixou de 8 quilos para
1,3 quilo. Para a equipe, isso foi o melhor resultado.
Em entrevista cedida ao jornal Correio Braziliense, em 30 de maio
deste ano, Issa afirmou que o primeiro passo para quem deseja parar
de fumar é procurar auxílio de um profissional. "Os
três primeiros meses, de fato, são dolorosos, mas a
vida da pessoa não pode parar por causa do cigarro",
disse. De acordo com a pesquisadora, o cigarro é uma droga
que dá prazer e alivia sofrimentos, por isso a sua ausência
causa um grande desconforto.
Com base nessa pesquisa realizada no Incor, Issa publicou, no final
de maio, o livro Deixar de Fumar - Se fumar é bom, parar
é ainda melhor (Ed. Saraiva, R$19,00). Segundo a Organização
Mundial da Saúde, 70% dos fumantes gostariam de abandonar
o cigarro, mas apenas 3% conseguem. De acordo com a entidade, cerca
de 5 milhões de pessoas morrem anualmente por causa do fumo.
Identificada a primeira organela do núcleo celular
(Disponível em www.comciencia.br)
Atualmente, escolas e universidades ensinam que o núcleo
da célula é composto apenas pelo material genético,
chamado cromatina (DNA), pela carioteca (envoltório nuclear)
e pelo nucléolo. Em alguns anos, no entanto, o retículo
nucleoplasmático também fará parte da descrição
do núcleo; isso porque uma equipe de pesquisadores da Universidade
de Yale, nos EUA, em parceria com a Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), identificou e mostrou o funcionamento dessa nova
estrutura, responsável por armazenar e liberar cálcio
- elemento fundamental em inúmeras atividades das células,
como sua multiplicação, crescimento e transcrição
dos genes (produção de proteínas). A presença
desse maquinário permite que vários processos sejam
regulados de forma independente no núcleo.
O cálcio fica armazenado principalmente dentro do retículo
endoplasmático, organela do citoplasma também associada
à produção e secreção de lipídeos,
esteróides (hormônios derivados do colesterol), substâncias
vindas do meio externo, além de estar envolvida no processo
de síntese e secreção de proteínas.
Até se dar a descoberta, biólogos celulares acreditavam
que o cálcio entrava no núcleo vindo do citoplasma
através de uma difusão, porque a parede do núcleo
é bastante porosa e permite o intercâmbio de substâncias.
Caso esse fosse o único meio do cálcio entrar no núcleo,
este ficaria sujeito a funcionar como um compartimento único
e homogêneo. Ao contrário, o núcleo é
responsável por regular diversos processos simultaneamente
e, portanto, fica mais fácil compreender a função
de um retículo que armazene e secrete cálcio dentro
do núcleo, o que permite atender diferentes necessidades
locais. No núcleo, o cálcio deve regular prioritariamente
a transcrição de alguns genes, que dependem deste
elemento para ocorrer, e até afetar a própria estrutura
do DNA, segundo afirmam os autores da pesquisa.
Embora o retículo nucleoplasmático não tivesse
sido reconhecido anteriormente como sendo uma organela, já
havia sido observado como sendo extensão do núcleo
que estaria presente em vários tipos de células dos
mamíferos. Essa descrição se confirma, já
que o recém descoberto retículo nucleoplasmático
está fisicamente ligado tanto ao retículo endoplasmático
quanto à membrana nuclear, ou envelope nuclear.
O que impossibilitou a observação prévia do
retículo no núcleo foi a falta de um microscópio
de alta resolução, segundo explica Maria de Fátima
Leite, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto
de ciências Biológicas da UFMG e uma das autoras da
pesquisa. Para a realização desse estudo, Leite e
seus colegas da Yale utilizaram o microscópio Two Photon,
de alta resolução. Como diz o nome, ele utiliza dois
fótons que incidem simultaneamente sobre o material, diminuindo
os danos causados às estruturas celulares e também
aumentando a resolução da imagem. Esse tipo de microscópio
não existe no Brasil e, mesmo nos EUA, existe em número
reduzido. Para a realização da pesquisa, a equipe
teve de adaptar o microscópio para a observação
da microestrutura nuclear, contando, para isso, com a colaboração
do físico Michael Nathanson, da Universidade de Cornell,
no estado de Nova Iorque, que duplicou a freqüência dos
fótons.
Os núcleos observados foram extraídos de células
hepáticas (do fígado) de ratos, mas posteriormente
observou-se a mesma organela em núcleos de células
de ovário de hamsters e de células do coração
e cérebro de camundongos. "Parece ser uma característica
universal", opinou a pesquisadora brasileira. Embora as pesquisas
em células humanas não tenham sido feitas, esta descoberta
irá possibilitar muitos estudos em diferentes tipos de células
e espécies.
"Acho que essa descoberta é algo fantástico,
que veio para ficar. É como descobrir um novo órgão",
compara, entusiasmada, a bióloga da UFMG. De agora em diante,
outras pesquisas deverão ser conduzidas de forma a melhor
compreender a regulação dos sinais de cálcio
e mapear os tipos celulares e espécies de eucariotos (organismos
que possuem células com núcleo organizado) que venham
a ter o retículo nucleoplasmático. Mas a presença
dessa organela no núcleo deverá revelar novas funções
de controle nuclear do cálcio.
A pesquisa foi publicada em forma de artigo na revista científica
britânica Nature Cell Biology em 22 de abril passado e já
repercutiu de forma positiva na comunidade científica em
editorial na norte-americana Science (9 de maio de 2003), na The
Journal of Cell Biology (vol. 161, N.4, 2003) e em julho, será
publicado no editorial da. Nature Reviews Molecular Cell Biology.
Para saber mais:http://www.biomania.com.br/citologia/nucleo.php
Acordo inédito entre Capes e CNPq para fomento da pesquisa
(Disponível em www.comciencia.br)
Os presidentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes) se reuniram, pela primeira
vez na história das duas agências, para anunciar uma
aliança. O objetivo é que elas trabalhem juntas, ganhando
assim, em recursos e esforços. O encontro aconteceu quarta
feira, 14 de maio, no prédio da Sociedade Brasileira para
o Progresso da Ciência (SBPC), em São Paulo, e estavam
presentes representantes de 65 Associações e Sociedades
Científicas do Brasil. Erney Felício Plesman de Camargo
do CNPq e Carlos Roberto Jamil Cury, da Capes, formam a coordenação
do enlace, e Sandoval Carneiro Júnior, também da Capes,
é o secretário executivo.
Para o presidente da Capes, a maior dificuldade em estabelecer uma
parceria com o CNPq está em quebrar o ethos, que funciona
de forma bastante diferenciada nas duas agências, e construir
uma articulação entre elas. Cury defende alguns fundamentos,
mas atenta para os desafios. Para ele, a fonte de legitimidade da
Capes nasce dos pares acadêmicos e, "sendo uma instituição
dominada pelo docente, pelo acadêmico e pelo pesquisador,
nada mais justo do que ser múltipla e plural, onde o dogma
está fora e persiste o debate, ao mesmo tempo em que se busca
algum consenso para permitir o fluxo das políticas",
disse.
Cury destacou ainda os compromissos e os desafios da agência,
ressaltando a forte demanda, em oposição à
restrição orçamentária que está
estabilizada há pelo menos oito anos. Em resposta aos desafios,
o presidente da Capes relevou o compromisso de estabelecer uma melhor
definição da política de pós-graduação,
criando uma constituição mista, Capes e CNPq, para
articular essa política.
A Capes, seguindo o modelo de apoio à pesquisa criado pelo
CNPq, que concede bolsa de iniciação cientifica júnior,
visando financiar o estudante de ensino médio envolvido com
atividades científicas, está preocupada com a contribuição
da pós-graduação para todos os níveis
de ensino. Uma recente portaria publicada pela Capes prevê
que o estágio de docência do pós graduando poderá
ser feito no ensino médio.
Outro obstáculo a ser superado pela Capes é o espontaneísmo.
"É necessário recuperar o poder indutor do Estado",
disse Cury. Para tal, sugere uma radiografia mais completa que supere
lacunas existentes, mapear onde existem mestrados suficientes ou
excessivos e identificar regiões, áreas e sub áreas
e as relações entre elas, para apoiar novos cursos
e valorizar a forma de intercâmbio nacional e internacional.
O presidente do CNPq expôs as medidas corretivas que teve
que tomar ao assumir a presidência do órgão,
que são, sobretudo, decorrentes de um processo de deterioração
econômica e não conceitual da instituição.
"Meus antecessores foram heróis ao manterem viva a instituição
em situação tão desfavorável",
disse. A primeira providência tomada foi o cancelamento do
fluxo contínuo, um recurso que ficava guardado para uma situação
emergencial que, na verdade, era um equívoco, pois todos
os pedidos ficavam dependentes do fluxo contínuo. Agora os
recursos são analisados pelos Comitês Assessores.
Erney de Camargo disse que assumiu o compromisso de anunciar os
programas que já tiverem recursos garantidos. Assim, anunciou
as novas bolsas de pesquisa oferecidas pelo CNPq: são 431
novas bolsas de Produtividade, 900 bolsas de pós-graduação
(com partes praticamente iguais para mestrado e doutorado), 2.000
novas bolsas para Iniciação Científica (alunos
de graduação) e 3.000 para Iniciação
Científica Júnior (uma nova categoria que contempla
estudantes do ensino médio envolvidos com atividades científicas),
além de 40 bolsas para pós-doutorandos da Argentina.
Warwike Kerr, professor voluntário da Universidade Federal
de Uberlândia (UFU), acha que o CNPq deve oferecer bolsas
de estudo (semelhante às bolsas de iniciação
científica júnior) aos estudantes secundaristas de
Angola, para terem condições de disputar uma vaga
na graduação das universidades públicas. "Toda
a influência negra que veio para o Brasil veio de Angola,
a cultura, as danças e as comidas. O Brasil tem obrigação
com esse povo de cor", disse Kerr. A parceria de bolsas estabelecida
com a Argentina é resultado da política ligada ao
Mercosul.
Para o ano de 2003, não está previsto um aumento no
valor das bolsas do CNPq, pois o orçamento deste ano já
está fechado em 35 milhões de reais. A presidente
da SBPC, Glaci Zancan, que foi para o Congresso Nacional, em 2002,
brigar por um aumento no orçamento, disse que em 2004 é
possível conseguir um aumento. Crodowaldo Pavan, que já
foi presidente do CNPq e da SBPC, lembrou que o número de
bolsas é muito importante, mas só terá sentido
se tiver dinheiro para pesquisa.
As sinalizações, por parte do governo, de um possível
aumento no valor das bolsas, segundo Erney de Camargo, tem sido
positivas. Ele lembrou que o Ministério de Ciência
e Tecnologia (MCT) foi o que sofreu menor corte orçamentário
pelo governo federal.
NOTÍCIAS DA SOCIEDADE
Participe do Simpósio de Estomatologia e Reabilitação
Buco-Maxilo-Facial (Apoio Sociedade Brasileira de Estomatologia)
a ser realizado de 26 A 28 DE JUNHO DE 2003 no AC Camargo - Comemorativo
aos 50 anos do Hospital do Câncer A. C. Camargo. Maiores informações
no site da SOBEP
Contribua para o Atlas de Doenças da Boca. Maiores informações
no site da SOBEP
O resultado da análise dos trabalhos enviados para o Congresso
da SOBEP a ser realizado em Recife será divulgado no site
da SOBEP no dia 30/06/2003.